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Um herói consegue fazer uma aventura sozinho e alcançar seus objetivos sem precisar de um ajudante, mas quando este herói tem um companheiro, um sidekick, sua jornada pode ser atenuada e até se tornar mais divertida, não permitindo que ele enlouqueça em sua solitária quest.

Em The Legend of Zelda, a partir de Ocarina of Time, nosso herói Link ganhou uma companhia que o ajudaria a completar sua missão. Essa adição muito provavelmente se deve ao fato do mundo imenso de Ocarina of Time ser um lugar fácil para o jogador se perder, e Navi serviria para dar dicas de onde ele deveria ir caso estivesse perdido, mas isso acabou criando uma tradição, transformando os ajudantes em mais do que meros “guias”. No começo, estes ajudantes serviram como uma espécie de consciência do herói, uma vez que sua função principal era acender aquela luz sobre sua cabeça, iluminando seu caminho. Com o passar do tempo, estes sidekicks precisaram “evoluir”, ser apenas um guia não era mais suficiente, e agora eles tinham que estar ao lado do herói, lutando suas batalhas, para que sua existência pudesse fazer mais sentido à medida que a série se desenvolvia.

Todos os jogos a partir de Ocarina of Time tiveram um ajudante para o herói, e estes evoluíram junto com ele, se transformando em peças essenciais e indispensáveis da aventura, sem os quais não seria possível completar seu objetivo (ou simplesmente não teria o mesmo apelo). Mais do que apenas ajudar, muitos dos sidekicks são responsáveis por apresentar a jornada ao herói e tornam-se indispensáveis a ponto de o jogo simplesmente não fazer sentido algum sem sua existência. Alguns deles inclusive dão nome ao jogo, como Twilight Princess (Midna) e Minish Cap (Ezlo).

O que começou como uma simples fada coadjuvante e sem muita utilidade, culminou em personagens que fazem Link, Zelda e companhia virarem meros coadjuvantes em suas próprias histórias. Muitas vezes transformando o herói em uma marionete, eles sempre dizem o que fazer, como fazer e aonde ir. E desobedecer não é uma opção. Caso você não faça o que eles querem, você simplesmente não consegue progredir.

Os sidekicks precisam ser analisados jogo a jogo, para que possa ficar evidente sua evolução através dos anos. O que começou com uma fada um tanto quanto irritante que apenas te dizia o que fazer, passou por ajudantes que literalmente te carregavam em suas costas e culminou em uma sombria princesa capaz de mover céus e terra (literalmente) para poder alcançar seus objetivos.

Navi (Ocarina of Time)

Navi é uma ajudante interessante. Em sua primeira incursão no mundo dos polígonos 3D, escolheram como ajudante do herói exatamente o ser que sempre lhe forneceu ajuda nos momentos difíceis e servia como fonte de vida quando ele estava em perigo: uma fada.

Não uma fada qualquer, mas uma fada com muita personalidade. Navi tem 3 frases: Hey!, Listen! e Watch out!, mas são 3 frases capazes de conduzir o herói por uma de suas maiores aventuras no mundo de Hyrule.

A pequena fada é uma ajudante sábia, que quando não está gritando suas frases de efeito, diz ao herói coisas pertinentes, ensina-o a derrotar alguns monstros, e serve até como Bestiário. Bestiários são livros sagrados com descrições de monstros/bestas, e basta você estar com a mira Z – ou L, dependendo de onde está jogando – selecionada, que Navi irá te dar uma breve descrição daquele determinado monstro.

Ela foi criada para ajudar, e acredite, cumpre muito bem seu papel, apesar de irritar um pouco ficar ouvindo seus gritos durante a jornada.

Navi, a primeira Sidekick

Navi iniciou a tradição do herói estar sempre acompanhado

Tatl (Majora’s Mask)

Navi tinha personalidade? Tatl tem muito mais. Ela sabe falar as mesmas 3 frases de Navi, mas dessa vez com uma característica extra que faz toda a diferença. Tatl tem uma história, um irmão, um melhor amigo. Existe um enredo por trás da existência da pequena fadinha de Termina, coisa que é superficial na trajetória de Navi. Tatl serviu como um upgrade singelo da fadinha anterior. Nada muito significativo, mas o fato dela ter sua história contada como parte do enredo principal humaniza um pouco a personagem, fazendo com que ela vá além de ser apenas uma fada randômica que te segue para todos os lados.

Tatl tinha uma hitória para contar

Tatl, seu melhor amigo Skull Kid e seu irmão Tael

King of Red Lions (The Wind Waker)

Era hora de evoluir, e o sidekick precisava alcançar um novo nível. Então, além de ser seu companheiro e ajudante na aventura, também é seu meio de transporte, fazendo com que ele consiga te transportar pelo imenso mar da inundada Hyrule, mas não podendo te acompanhar nas ilhas e/ou dungeons. Quer dizer, ele não está lá fisicamente, mas fala com você através da Pirate’s Charm (uma espécie de relíquia feita de uma das Gossip Stones). O tempo das fadinhas que só sabiam te seguir e dar pequenas dicas havia terminado, a partir daquele momento, seus ajudantes deveriam desempenhar um papel mais ativo. A função de “sidekick-consciência” já não era mais suficiente.

O primeiro Sidekick indispensável

King of Red Lions tinha uma relação quase paternal com o herói

Ezlo (The Minish Cap)

Agora (depois do King of Red Lions) os sidekicks não podiam mais ser apenas fadas que te seguem sem ter uma atuação mais direta em sua aventura. E Ezlo soube cumprir bem seu papel de ajudante. Você encontra o pequeno chapéu Minish perdido na floresta e ele coincidentemente é o complemento ideal para sua túnica verde. Assustado, ele assume o posto de seu companheiro e não há nada que você possa fazer a respeito disso, pois ele não sairá de sua cabeça em hipótese alguma. Esse relacionamento forçado cria situações extremamente divertidas, que deixam um jogo que já é visualmente lindo, ainda mais bonito e cativante. Ezlo é inteligente e engraçado, e apesar de falar bastante, ele fará mais do que isso, sendo seu transporte mágico para o mundo minish, trazendo benefícios inesperados para essa união obrigatória que você teve com o medroso chapéu mágico.

O irritante chapéu que era indispensável para sua aventura

Ezlo era chato e mandão, porém útil e divertido

Linebeck (Phantom Hourglass)

Um sidekick de procedência duvidosa, Linebeck tem sua cota de segredos, mas o destino fez com que ele se tornasse o ajudante do herói. Os dois vivem uma relação de conflito de interesses, mas com um objetivo em comum, portanto não restam opções senão a união para que possam alcançar seu destino. É claro que no final das contas Linebeck acaba se tornando um grande amigo, e apesar de não ser lá de extrema ajuda, a aventura sem ele não seria exatamente a mesma. Que atire a primeira pedra quem não sentiu uma nostalgia gostosa quando viu Linebeck III em Spirit Tracks.

Ciela (Phantom Hourglass)

Ciela é uma espécie de co-sidekick em Phantom Hourglass, acompanha Linebeck e Link durante boa parte de sua aventura. Ciela na verdade é uma fada que foi separada em duas, para que seu poder não fosse utilizado pelas forças do mal, quando suas duas partes são reunidas, ela revela ser o Espírito da Coragem, e coletando as Courage Gems, ela concederá poderes à espada do herói, que irão ajudá-lo bastante em sua jornada.

Linebeck e Ciela não se entendiam muito bem.

Dois Sidekicks disputando a atenção do herói

Ciela e Linebeck

Zelda (Spirit Tracks)

Ter uma participação mais ativa de Zelda durante a aventura é algo que muitos fãs gostariam de ver, talvez até com um pouco de jogabilidade. Não é o caso aqui, mas nunca, em toda a história da série, Zelda teve um papel de tamanha importância quanto o que ela exerce em Spirit Tracks. Aqui ela é ninguém mais, ninguém menos que a sua fiel ajudante durante toda a jornada. É apenas o espírito da princesa, que foi separado de seu corpo, mas isso não diminui o fato de ser a própria. Como Spirit Tracks é uma continuação direta de Phantom Hourglass, que por sua vez é uma continuação direta de The Wind Waker, o estilo gráfico adotado ainda é o cel shading, o que confere maior carisma à personagem. Zelda, como fantasma, não faz muita coisa durante a aventura, mas ela é crucial em momentos-chave, quando possui as armaduras dos templos, te auxiliando a alcançar lugares até então inacessíveis e inclusive a derrotar alguns inimigos.

Link & Zelda é uma parceria que funciona super bem e poderia ser repetida a qualquer momento para que possamos ver mais a princesa em ação, afinal – depois de Sheik – nós sabemos que ela não é apenas uma donzela em perigo e pode ser bastante útil na aventura do herói.

Sair em uma aventura acompanhado da realeza

Zelda era a companheira ideal para esta aventura

Midna (Twilight Princess)

A pequena “Twilight Princess” conquistou o coração dos fãs de uma forma que nenhum dos outros sidekicks conseguiu fazer. Isso porque Midna é sem sombra de dúvidas a ajudante que leva seu título ao pé da letra. Midna sabe o que dizer, e a hora certa de dizer, ela traz informações pertinentes em seus diálogos e ainda adiciona um toque de humor em tudo com seu jeito caricato de ser e falar. Além disso, ela ainda te ajuda muito durante a jornada, te teletransportando pelos cenários e movendo objetos que permitem seu progresso na aventura. Midna luta ao lado do herói, não apenas como uma sidekick, mas como a verdadeira protagonista da história. Seu mundo está em perigo e cabe a ela resolver este problema. Neste caso, Link é o sidekick de uma Midna que, ao mesmo tempo em que exibe sarcasmo e humor, está destruída por dentro por ter sido expulsa de seu próprio mundo, que agora está sob o domínio do desagradável Zant, e ela fará de tudo para recuperá-lo. Twilight Princess não é um jogo sobre Zelda, sobre Link, e muito menos sobre Ganondorf (que apesar de sua aparição tardia, coordena boa parte da trama), mas é um jogo sobre o Twilight World e como sua princesa lutou para salvá-lo.

Midna é misteriosa e durante todo o caminho paira uma dúvida sobre suas reais intenções. Para um olhar iniciante, é realmente difícil saber se ela está ajudando porque é do bem, ou se tem suas próprias motivações e a qualquer instante pode se virar contra você. Não se espante se você passar toda a aventura achando que a qualquer momento ela se transformará em um dos chefes do jogo.

Midna conquistou o coração dos fãs...e do herói

Midna, a verdadeira protagonista de Twilight Princess

Fi (Skyward Sword)

A ajudante que tinha tudo para ser a criatura mais interessante do vasto e rico universo de Hyrule acabou se tornando uma das maiores decepções da série. Piadinhas à parte (captain obvious e etc), Fi é o espírito da Master Sword, talvez uma das criaturas mais importantes para a criação de toda a mitologia da série. Só tem um problema. Ela não é realmente um sidekick, uma vez que não te ajuda em praticamente nada.

O apelido Captain Obvious veio do fato de Fi só falar coisas que estão tão óbvias que é difícil não perceber. É claro que outros sidekicks, em aventuras anteriores, já fizeram isso uma ou outra vez, mas Fi faz isso o tempo inteiro.

Além disso, suas falas em formato de probabilidade deixam a personagem muito robótica e artificial, cansam o jogador e são muito sérias para uma série que tem uma tradição de incluir humor nas falas dos personagens (é só ver todas as criaturas que já se apaixonaram por Link e tiveram diálogos inspiradíssimos com ele, como a Princesa Ruto em Ocarina of Time e a Rainha das Fadas em Wind Waker, ou a própria Midna em Twilight Princess com seu jeito ácido e divertido de ser).

É claro que, sendo a personificação da arma mais poderosa do universo do jogo, ela não poderia ser debochada como algumas outras personagens, mas o excesso de seriedade transformou-a em uma criatura um tanto quanto aborrecida.

Mas essa personalidade “fria” de Fi tem um motivo de ser. Durante toda a jornada ela se reporta a Link como “Master” e utilizando uma linguagem formal, isso mostra que ela está acostumada a uma vida de servidão e nutre um respeito pelo seu Mestre, tornando uma aproximação mais íntima entre os dois praticamente impossível. Ela não é um personagem descartável, e encantou muitos jogadores com suas músicas, suas danças e até por seu jeito tímido de ser.

Fi é a primeira Sidekick a tratar o herói com respeito

Fi é a primeira Sidekick a tratar o herói com respeito

Menção Honrosa

Sahasrahla (A Link to the Past)

Não é exatamente um sidekick Ele não sai em aventura com o herói, não o acompanha dando dicas, mas ajuda de seu próprio jeito. O velhinho simpático foi obrigado a se esconder e diz ser descendente dos Sages. Ele te dá a Pegasus Boots e ajuda indicando a localização dos 3 Pendants para que possa recuperar a Master Sword em Lost Woods.

Um Sidekick que não pode sair de seu esconderijo, mas que é de muita ajuda

Será que ele volta em “A Link to the Past 2”?

E em um momento que podemos pensar “poxa, não consigo imaginar mais uma aventura sem um ajudante”, é melhor pensar duas vezes, porque aparentemente o novo Zelda 3DS não contará com esse artifício, seguindo a linha de A Link to the Past. Pelos vídeos que já foram apresentados, você estará sozinho nessa nova aventura, e como o jogo já deve estar em fase final de desenvolvimento, para ser lançado ainda este ano, não deve ser diferente do que foi apresentado.

Mas isso provavelmente não acontecerá no Zelda Wii U, que deverá ser um jogo de proporções épicas e provavelmente precisaremos de muita ajuda. Até aí nós só podemos imaginar o que nos espera como ajudante na nova aventura. Depois dos sidekicks terem servido de transporte, mão de obra, espírito da espada, princesa e até vestimenta, o novo companheiro do herói tem que ser extremamente útil e interessante se quiser fazer jus aos apresentados até agora, e tentar superar a Midna, que vai estar pra sempre em nossos corações.

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