Nunca uma data foi tão temida por milhões de pessoas mundo afora. O famigerado 21 de Dezembro de 2012, alvo de especulações, expectativas e até filmes, causou uma enorme repercussão. Isso ocorreu porque um calendário produzido pelos antigos Maias, dizia que aquela seria a última data que o mundo viria a existir. Ironicamente, a década de 2010, que acabou de começar, na verdade, é a mesma década na qual o título The Legend of Zelda: Majora’s Mask passou a ganhar fama.
Quando lançado, no ano 2000, Majora’s Mask marcou época por ser um dos Zelda’s mais afastados da típica fórmula da série. A característica mais marcante do jogo é, sem dúvida, o contador de horas. Este servia como um tipo de cronômetro, que terminava em 72 “horas”, resultando no fim de jogo. Isso, à época, afastou muitos jogadores, porque gerava uma constante tensão, não permitindo que quem jogasse pudesse, de fato, fazer as coisas com calma. No entanto, depois de muito tempo, o jogo passou a ser visto com outros olhos. Deixou de ser considerado como algo confuso e fora de série. E passou a ser como uma dádiva, algo que merece ser apreciado. A prova disso são os enormes anseios por um remake do título, causados especialmente pelo tratamento dado a The Legendo f Zelda: Ocarina of Time, que também recebeu um remake para o 3DS.
Majora’s Mask, como todos aqui devem saber, tem como tema de fundo o fim do mundo, que seria causado pela queda de uma Lua ameaçadora no início de um período de carnaval. É claro que os fãs, não só do jogo, mas da série Zelda em geral, fizeram diversas alusões a Majora’s Mask e ao 21/12/12. Muitos daqui podem até ter visto curiosas montagens da Lua caindo na Terra…
Com toda essa situação em mente, um curioso site, intitulado apenas de “Terrible Fate”, foi colocado no ar, apresentando um timer que acabaria no dia 21 de Dezembro e uma imagem muito bem feita da Máscara de Majora colocada em um fundo preto. Apesar de alguns acreditarem que se tratava de uma simples brincadeira, o site havia sido feito, na verdade, para promover um álbum musical, intitulado de “Time’s End”. No mesmo, estariam contidos alguns remixes de músicas selecionadas de Majora’s Mask.
Majora’s Mask deve ser um dos jogos mais sombrios já produzidos pela Nintendo. Essa atmosfera pesada que o jogo submete não vem exatamente do visual, mas parte de uma entrega psicológica. A sensação eterna no jogo é a de que as coisas estão ruins e vão ficar bem piores. Ao entrar em Termina, são raros os casos em que alguém é ou está feliz. Geralmente, tudo parece estar mal, sem nenhuma gota de esperança à vista. Como se não bastasse isso tudo, ainda temos uma Lua gigante nos céus, que está lentamente se aproximando e, ao término de 72 horas, irá esmagar aquelas terras. Em Termina, não existe esperança, está tudo condenado e ninguém escapará da destruição iminente.
As músicas do jogo refletem essa sensação de desespero, especialmente a que toca nas últimas 5 horas do terceiro dia. Tomo este exemplo por conta do nome “The Final Hours”.
É aí que entra Teophany, que já fez diversos remixes de trilhas sonoras de jogos. Seu trabalho mais recente foi uma participação no álbum Harmony of a Hunter, feito por fãs para comemorar os 25 anos da série Metroid. Usando o seu talento, o artista fez uma releitura das músicas do jogo, utilizando instrumentos de orquestra, vozes de coro e até mesmo efeitos sonoros do próprio jogo, para criar uma atmosfera sombria.
O CD Time’s End, que contém 10 faixas, não possui uma música sequer que seja completamente alegre. Todas elas entoam aquela sensação de mistério, de que algo maior e pior está por trás dos panos, assistindo e esperando a sua chance de atacar.
Todas elas soam como músicas “apocalípticas”. Sempre com aquele tom de ruína, desespero e medo… Certamente é compreensível que elas tenham sido lançadas no dia do suposto fim do mundo.
Além disso, as músicas tem um teor bem mais cinematográfico do que as músicas do jogo em si. Especialmente as finais, que podem até ser confundidas com uma trilha sonora de um filme, por exemplo. Isso pode ser notado na música “Majora’s Wrath”.
Mas não é aí que a verdadeira “mágica” do álbum entra. Além de todas as características citadas anteriormente, cada uma das músicas tenta puxar quem as ouve para dentro de um mundo em especial. Para auxiliar nisso, foram colocados efeitos sonoros nas músicas remetendo aos locais nos quais elas aparecem no jogo.
Um exemplo é a música “Clockworks”, que possui o som de engrenagens se movendo enquanto uma goteira ou outra caem em uma poça d’água. Notamos isso também na primeira música, “Majora’s Mask”, que inicia o álbum com o grito de Link ao cair no buraco que o leva para Termina, no início da aventura.
Com essas características combinadas, o álbum transporta seus ouvintes a um mundo mais apocalíptico, uma Termina mais sombria, sem esperança. Dependendo de quem ouve, pode até ser pior do que a apresentada no jogo.
É até interessante observar que, para aqueles que conhecem toda a cultura deixada pelo título, talvez seja possível lembrar-se de algumas produções de fãs, especialmente da infame creepypasta do cartucho amaldiçoado.
A produção de Teophany não só captura a essência e a atmosfera apocalíptica de Majora’s Mask, como também a expande e traz de volta sentimentos e medos que podíamos jurar que estavam mortos.
Amante de Majora’s Mask ou não, para um fã de Zelda, esse é um álbum daqueles que entram em nossa memória e não saem mais.